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Número de tornados cresce no Brasil e Sul concentra maior risco, apontam especialistas

Número de tornados cresce no Brasil O número de tornados registrados no Brasil vem aumentando nos últimos anos. Especialistas afirmam que a região Sul do pa...

Número de tornados cresce no Brasil e Sul concentra maior risco, apontam especialistas
Número de tornados cresce no Brasil e Sul concentra maior risco, apontam especialistas (Foto: Reprodução)

Número de tornados cresce no Brasil O número de tornados registrados no Brasil vem aumentando nos últimos anos. Especialistas afirmam que a região Sul do país reúne condições atmosféricas favoráveis à formação de tempestades severas e alertam para um maior investimento em previsão e monitoramento. "O tornado, ele é uma coluna giratória, que desce da base de uma nuvem de tempestade, e ele vai durar tipicamente 10, 15 minutos, mas com altíssimo poder destrutivo", explica Ernani Lima, especialista em tornados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). "Outbreak" no Paraná e em Santa Catarina Esse foi o fenômeno registrado várias vezes na última sexta-feira (7), em municípios do interior do Paraná e de Santa Catarina. "Foi o que se chama um "outbreak" de tornados, que seria quando várias tempestades produzem vários tornados no mesmo intervalo de tempo, então, pelo menos provavelmente ocorreram mais do que 10 tornados, incluindo esse tornado intenso", afirma Mauricio Oliveira, meteorologista da Universidade Federal Santa Maria Segundo o especialista, a primavera é um período comum para que isso aconteça: "Nossa área é talvez o segundo maior corredor de tornados do mundo em termos de extensão pelo menos. Então, sim, é comum que isso aconteça aqui e é comum que seja nessa época do ano. Nós estamos na primavera, que é uma situação onde a umidade e o ar quente está aumentando, mas nós ainda retemos os ventos intensos que são típicos do inverno". Pela classificação preliminar da escala Fujita, o tornado mais forte registrado no episódio foi estimado como 3, em uma escala que vai até 5. Por que o Sul é mais afetado? A região Sul reúne uma combinação específica de massas de ar quente e úmida vinda da Amazônia e ar frio e seco vindo da Argentina, o que favorece tempestades rotativas. "Nós temos uma combinação de fatores. A cerca de 1.500 metros de altura, a gente tem esse transporte de umidade, desde a Amazônia até o sul do Brasil, isso recebe o nome também de rios atmosféricos. É como se nós tivéssemos um empoçamento de umidade", explica Ernani Lima. "Somado a isso, você tem a incursão pela Argentina e cruzando os Andes de massas de ar polares, que traz um ar mais frio e seco. Esse contraste de massas de ar gera um fenômeno que a gente chama de cisalhamento vertical do vento, ou seja, é a intensificação do vento com a altura. Essa é uma condição que favorece a formação de tempestades rotativas", completa. Outras cidades do Brasil também estão dentro de uma região de ocorrência de tornados, que podem atingir intensidade altamente destrutiva. Segundo Ernani Lima, o eixo que vai do sul do Mato Grosso do Sul, parte do estado de São Paulo, até o meio oeste do Paraná, e o oeste Santa Catarina e Rio Grande Sul é a faixa mais propensa à formação de tornados no país. Histórico no Brasil O tornado mais letal já registrado no Brasil ocorreu em 1959, na divisa entre Santa Catarina e Paraná, deixando cerca de 90 mortos. Em São Paulo, em 1991, que um tornado matou 15 pessoas na região de Itu. "O evento mais letal, que gerou mais óbitos no Brasil com tornados, foi no ano de 1959, na divisa entre Santa Catarina e Paraná. As cidades atingidas foram União da Vitória, no Paraná, Palmas, no Paraná, e Canoinhas em Santa Catarina. Somando todas as localidades que foram atingidas, deu mais de 90 mortos", relembra o especialista do INPE. Um levantamento feito pela Plataforma de Registro de Tempestades Severas mostra um crescimento no número de tornados no país nos últimos cinco anos, passando de 55 registros em 2021 para 88 este ano. 2025 pode superar o ano de 2023, quando também foram registrados 88 casos. Parte do aumento, dizem pesquisadores, pode ter relação com os efeitos das mudanças climáticas na formação do fenômeno. "Existe também a questão que talvez haja alguma influência das mudanças climáticas, o que é algo que ainda está sob estudo", afirma Maurício. Planejar para proteger Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, fica o laboratório mais avançado do país em estudos sobre o efeito do vento em edificações. Pesquisadores submetem maquetes de várias cidades a testes feitos em túneis de vento. "Nós construímos um prédio que é todo instrumentado, com sensores. A gente gira a mesa para simular várias incidências do vento. Com isso nós temos a melhor estimativa possível da ação do vento nesses tipos de estudos", explica o professor. A tecnologia usada já produziu laudos para mais de 500 prédios, pontes e estádios dentro e fora do Brasil. Com base nos resultados, os pesquisadores sugerem mudanças nas estruturas para que elas se tornem mais resistentes. Um dos projetos analisados aqui foi o da Ponte Estaiada, na capital paulista. As normas técnicas preveem como cada tipo de construção deve ser feita para suportar determinadas velocidades. Na região sul do Brasil, 180 quilômetros por hora para edificações em geral, e até 200 km por hora para prédios como hospitais, por exemplo. "Se todas as especificações da norma fossem incorporadas nos projetos de todas as edificações certamente grande parte dos acidentes não aconteceriam", aponta o professor. Com o crescimento dos tornados, há uma cobrança de especialistas para investimento em previsão e monitoramento meteorológico específicos para tempestades severas. "Hoje já temos condição de prever condições atmosféricas que são propícias à formação de tornados. É possível prever isso com várias horas de antecedência. Isso é algo que o Brasil onde o Brasil ainda precisa desenvolver bastante", diz Ernani. Número de tornados cresce no Brasil e Sul concentra maior risco, apontam especialistas Fantástico Ouça os podcasts do Fantástico ISSO É FANTÁSTICO O podcast Isso É Fantástico está disponível no g1 e nos principais aplicativos de podcasts, trazendo grandes reportagens, investigações e histórias fascinantes em podcast com o selo de jornalismo do Fantástico: profundidade, contexto e informação. Siga, curta ou assine o Isso É Fantástico no seu tocador de podcasts favorito. Todo domingo tem um episódio novo. PRAZER, RENATA O podcast 'Prazer, Renata' está disponível no g1 e nos principais aplicativos de podcasts. Siga, assine e curta o 'Prazer, Renata' na sua plataforma preferida.